CPI da Libra aponta colaboração de Javier Milei em fraude com criptomoedas
A Comissão Investigadora da Câmara dos Deputados da Argentina finalizou suas apurações sobre o caso da criptomoeda Libra e encontrou evidências que ligam o presidente Javier Milei a um possível esquema de fraude. O relatório, que passa de duzentas páginas, aponta que a participação de Milei foi crucial para o desenrolar dos eventos, conforme divulgado pelo portal Infobae.
De acordo com o documento, a divulgação da criptomoeda Libra ($LIBRA) pelo presidente, incluindo um post fixado na sua conta verificada no X, teria aumentado o volume de compras e contribuído para uma queda acentuada no valor do ativo. Esse colapso foi comparado a um típico rug pull, uma prática onde investidores são atraídos à força para um esquema que em seguida desmorona.
A investigação revelou que Milei não explicou como obteve detalhes do contrato da criptomoeda, já que essas informações não eram públicas. Além disso, o ex-chefe de Gabinete, Guillermo Francos, confirmou que não houve acompanhamento oficial antes da promoção da moeda.
Voltando à análise, a comissão também levantou que houve ligações financeiras entre os operadores do projeto Libra e o lançamento de outra moeda digital, a KIP, promovida por Milei meses antes. Isso sugeriu uma tentativa de “monetizar a imagem do presidente” de forma a evitar a supervisão do governo.
Os dados são alarmantes: 114.410 carteiras de investidores sofreram perdas, sendo que 498 deles perderam mais de US$ 100 mil cada. Por outro lado, apenas 36 carteiras registraram lucros acima de US$ 1 milhão.
Impeachment é improvável
Apesar das conclusões contundentes, a oposição acredita que não conseguirá votos suficientes para iniciar um processo de impeachment contra Milei. A base do presidente, fortalecida após as eleições, possui a maioria nas comissões, o que torna qualquer tentativa de responsabilização bastante difícil.
Vale lembrar que, em junho, o Gabinete Anticorrupção do Ministério da Justiça argentino já havia concluído que Milei não infringiu as leis de ética pública ao promover a Libra. O órgão alegou que ele agiu em caráter pessoal e que isso não se configurou como uma atividade oficial do governo.
Em setembro, a Câmara dos Deputados convocou a irmã de Milei, Karina, e outros aliados, além do criador da Cardano, Charles Hoskinson, para depor. O motivo da convocação de Hoskinson foram comentários feitos por ele em fevereiro, mencionando que pessoas no evento pediram dinheiro para ajudá-lo a se encontrar com o presidente.
Recentemente, um juiz determinou o bloqueio de ativos ligados ao escândalo, após a descoberta de pagamentos indiretos a funcionários públicos por parte de Hayden Davis, CEO da Kelsier Ventures, que foi um dos responsáveis pelo lançamento do token na rede Solana.





